Ensino semipresencial em Cuba

Por Rosangela Maria Cunha em 14 de outubro de 2009
O professor Dimas Nestor Hernandez Gutiérrez, coordenador de ensino semipresencial do Ministério de Educação Superior de Cuba, está na Bahia para demonstrar como conseguiu elevar de 14% a 63% o acesso de jovens à universidade. O método defendido por ele é um híbrido entre a educação a distância e o modelo tradicional baseado na sala de aula. No método semipresencial, o professor funciona como orientador e se reúne uma ou duas vezes por semana com os alunos. Os discentes, por sua vez, desenvolvem a capacidade do autoaprendizado e se utilizam do trabalho orientado para superar a falta de laboratórios.

Qual o objetivo da sua visita à Bahia?
Estou nesta visita à Bahia, notadamente à Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), para trazer experiências de Cuba no processo de expansão da educação superior. Tentamos mostrar como a universidade sai dos seus muros tradicionais e chega a todo o território em uma modalidade semipresencial, sem perder a qualidade e usando com muito entusiasmo a capacidade de autoaprendizagem dos estudantes. Havendo um esforço das instituições e dos reitores para inclinar um pouco do orçamento neste sentido, pode-se aumentar o acesso à universidade.

No que consiste o ensino semipresencial?
Está baseado na redução da presença do professor em frente ao aluno. Os encontros presenciais ocorrem uma ou duas vezes por semana, a depender do curso, e tem um apoio importante da tecnologia da informação. O estudante dispõe de material acadêmico para chegar ao autoaprendizado. Mas cada disciplina tem um guia com vídeos, gravações e multimeios, tudo disponível na intranet da universidade.

Isso acaba com a figura do professor?
Em vez de o professor ditar os conhecimentos, ele faz o papel de facilitador. Revisa os assuntos e indica quais são os aspectos essenciais. Com isso, ele conduz a aprendizagem. Um elemento substancial dessa experiência é alcançar a formação inteira. Não é somente o aprendizado dos conteúdos das disciplinas, ou seja, o cognitivo, mas também que a pessoa se transforme e seja capaz de transformar a sociedade. Portanto, o professor é mais um tutor educativo.

Li que Cuba aumentou a cobertura da educação superior de 14% para 63,2% com esse método. Isso melhorou muito a qualidade de vida da população. Esse índice leva em conta as pessoas de 18 a 24 anos na universidade. Nos pequenos municípios do Brasil, há uma grande dificuldade de acesso à internet. Como superar esse problema para se aplicar o ensino semipresencial?
Uma coisa é a internet e outra coisa é a intranet. O importante do que estamos falando é a conexão da universidade com os municípios através de fibra ótica. Não precisa necessariamente de internet. A universidade central está ligada a esses polos universitário, que chamamos universidades municipais. Cada curso está na intranet e cada disciplina tem sua página. Na essência, não usamos a internet e a conexão interna da universidade. Foi assim que a universidade, em Cuba, chegou a todos os 169 municípios. Em todos há um centro universitário municipal. Para os encontros presenciais, se usa a mesma infraestrutura das escolas primárias e secundárias. De manhã é escola primária e, de tarde, é universidade.

Fonte: A Tarde on line

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